segunda-feira, 22 de junho de 2015

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Senta aqui pertinho de mim, deixa eu te olhar de novo, deixa eu descobrir um cílio perdido no meio do seu rosto, deixa meu silêncio conversar com o seu.

Eu sei, faz tempo e faz nenhum tempo que eu congelei suas lembranças dentro de mim. Pouca coisa mudou desde que decidimos ir embora... acho que emagreci aqueles 3 kilos que precisava, mudei o corte do cabelo também. O Max continua roendo meus chinelos feito doido, continuo dormindo tarde e meu livro de poemas ainda está parado desde aquela crise.
Mas por favor,não tenha pressa... a gente não precisa mais seguir o ponteiro do relógio, estamos em casa! Eu só preciso olhar pra você de novo, eu só preciso sentir você aqui com aquele jeito de menino perdido que encontra conforto nas minhas palavras engasgadas.
Fiz  chá de erva-doce pra gente, comprei queijo e um pacote de pão de mel da Panco (espero que você ainda goste).Depois disso eu revi sua mensagem vinte vezes antes de me convencer de que era mesmo você, de que seu número ainda era o mesmo. No fundo eu sempre soube que você voltaria até aqui, no início de tudo. Me lembro de todas as vezes que você me disse que queria viver aqui pra sempre, a casa do tamanho ideal pra mais um labrador e quantas crianças quiséssemos ter. Ficar aqui sozinha foi uma tortura no começo mas depois eu comecei a considerar esse lugar como meu refúgio. Também desejei parti-lo no meio pra que você pudesse ser tão feliz quanto os planos que fizemos aqui nessa varanda. Tudo me lembrou você, desde o quadro dos girassóis que você insistiu que não combinaria com a decoração  até o desenho torto que fizemos no tronco do carvalho.
As vezes eu gosto de ficar aqui sentada de frente pras montanhas enquanto ouço Beatles. Me conte como foi o seu dia, me fale de você, aliás... não precisa! eu posso ouvir o seu silêncio me dizer que nada mais importa agora. Eu posso ouvir seu coração bater mais rápido, suas mãos suarem e sua postura desajeitada e desconfortante me dizer que sentiu minha falta. Eu também senti, senti mais do que qualquer coisa que eu possa dizer nesse momento. Deixa minhas mãos tocarem as suas, há quanto tempo não as tenho junto das minhas, há quanto tempo não as seguro! não sabe quanto senti saudade da segurança que elas me passavam quando a gente caminhava pela rua... Minhas mãos são tão pequenas perto das suas!
Ei, venha comigo até o lago, venha, eu vou conduzir você, deixe eu segurar sua mão como você fazia com a minha. Feche os olhos e deixe seus pés acompanharem os meus, escute o som!
Ainda bem que estou de casaco, o fim de tarde se aproxima e eu posso sentir o vento gelado rodear a nossa tão sonhada casinha branca.
Você sabe que nunca fui boa de dançar mas fique a vontade se quiser me conduzir. Sinto a grama molhada no dorso dos meus pés calçados pelas sapatilhas vermelhas. Lembra delas? Oh não, vamos devagar, senão eu piso no seu pé.
Mas se eu apertá-lo forte não me largue mais! Me envolva no seu abraço tal qual o dia da chuva  tempestuosa que nos atingiu naquele comecinho de noite. Você me disse pra eu não ter medo e me envolveu com seu braço tal qual está fazendo agora. Posso sentir a umidade das suas lágrimas descendo sobre meu cabelo, você ainda não percebeu mas estou fazendo o mesmo agora. Não precisa dizer nada, as vezes a gente nem precisa mesmo das palavras, apenas ouça a música, a música que vem de dentro do coração, ouça aquela que a gente gosta, a nossa preferida... deixe o amor nos mostrar que não precisamos de mais nada. Deixe o amor nos levar de volta pra casa...



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